sábado, 29 de outubro de 2011

SÓ CONSEGUE COMPARAR SE OBSERVAR

O que é mais importante, saber as respostas ou saber fazer as perguntas? Podemos desenvolver várias formas de ensinar, informar, levar a criança a comparar as relações a partir das informações, através de filmes, músicas, poemas e relatos da história, no entanto podemos partir do hoje para o ontem, levando-a deslocar do habitat natural em que vive e buscar respostas no passado, assim ela irá compreender o seu papel no mundo.
Na musica ÍNDIOS composta por Renato Russo, da banda Legião Urbana, podemos fazer uma reflexão ao descaso que foi imposto aos índios que aqui no Brasil habitavam. Destaquei algumas frases da música para termos uma ideia do que se passou e relacionarmos no nosso dia a dia, veremos um hoje semelhante ao ontem e possivelmente reflexo de um amanhã.

“Quem me dera ao menos uma vez, ter de volta todo o ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
Quem me dera ao menos uma vez esquecer que acreditei que era por brincadeira que se cortava sempre um pano-de-chão de linho nobre e pura seda.”
“Explicar o que ninguém consegue entender, que o que aconteceu ainda está por vir e o futuro não é mais como era antigamente.”
“Quem me dera ao menos uma vez que o mais simples fosse visto como o mais importante, mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente.”
“Eu quis o perigo e até sangrei sozinho entenda”
“Quem me dera ao menos uma vez fazer com que o mundo saiba que seu nome está em tudo e mesmo assim ninguém lhe diz ao menos, obrigado.
Quem me dera ao menos uma vez como a mais bela tribo dos mais belos índios não ser atacado por ser inocente. Eu quis o perigo e até sangrei sozinho Entenda”
“Nos deram espelhos e vimos um mundo doente, tentei chorar e não consegui.”

Ao ouvir ou ler esta música fazemos uma ideia que vai desenhando a luta, a utopia dos índios ao que foi proposto pelos portugueses, ou as verdades ocultadas na história da colonização, da qual fomos poupados de saber. Uma história contada pela parte dominadora.
Esse desafio de desvendar e proporcionar a curiosidade da criança que está nas mãos da escola, que tem o comprometimento de despertar a crianças a produzir, deixando as formas de condicionamento que foi criado e vem sendo carregada pela escola há muitos anos.
A História é o saber, é o testemunho do mundo, a função da escola é proporcionar, incentivar e enriquecer a conquista por uma consciência do aluno, na qual ele desperta a visão de que ele próprio tem a função de mudar a história ou fazer a história, demonstrando que são agentes transformadores da história.
A escola não serve para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. Quando ele aprender, conseguirá incorporar novos conhecimentos. Nesse caminho de aprendizagem só tem sentido quando acontece o olhar critico do jovem, da criança, para isso acontecer o professor tem o dever de provocar o desejo da pesquisa, nessa investigação só consegue comparar se observar, assim se consegue as relações.
A representação do processo de vida que está vivendo é a história. Somos agentes construtores da nossa própria história, assim o limite é a morte. A nossa historia é a convivência coletiva, o fruto de si, dos que passaram e que virão, mas não é o passado que vai fazer compreender o presente, olhar para o passado para tentar responder perguntas de hoje. Precisamos ver nossas concepções de história. O tempo, a experiência não é igual o da exatidão, a experiência é incandescente, o tempo e a experiência são transcendentes de gerações.

Fernando Carvalho

domingo, 23 de outubro de 2011

Resenha: UM OUTRO OLHAR PARA O ESPAÇO


O Espaço Geográfico: Ensino e Representação

ALMEIDA, Rosângela Doin de. PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e representação. 3ª ed. São Paulo: p. 11-15. Contexto, 1991.

Graduada em geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP Rosângela Doin de Almeida, possui experiência para tratar as questões do espaço geográfico na escola. 
Elza Yasuko Passini, também graduada em Geografia pela USP e professora de geografia na rede. Ambas contribuíram de forma muito significativa para a construção desta obra aqui resenhada. 
Na obra analisada “O espaço geográfico: ensino e representação”, as autoras demonstram uma enorme preocupação com o ensino-aprendizagem, que está intrinsecamente relacionado com a compreensão do espaço pelos alunos dos primeiros anos escolares. 
A obra faz um convite para os profissionais da educação, que trabalham com o ensino de geografia. As autoras trazem a importância de se compreender o quão é importante o domínio espacial no contexto escolar. Pois é necessário que o professor considere que o desenvolvimento da noção de espaço, inicia-se antes mesmo do início da vida escolar da criança. 
A importância da leitura de mapas é tema discutido na obra. Os mapas estão presentes em nossas vidas desde muito tempo. E é notória a dificuldade dos professores em ensinar a leitura destes. O livro também é rico em sugestões de atividades que contribuem para o desenvolvimento da noção do espaço. 
Na analise da obra, três pontos são de extrema importância nessa abordagem sobre o espaço geográfico, ensino e representação. O primeiro ponto trata da construção da noção do espaço pela criança. Neste ponto as autoras discutem que a concepção de noção de espaço começa antes do início da fase escolar. 
No segundo ponto, é discutido a importância do aprendizado espacial no contexto sociocultural da sociedade moderna como instrumento necessário à vida, pois é através do trabalho que se faz a análise geográfica da organização social do espaço a relação sociedade/natureza, ou seja, o trabalho por ser um ato social leva a construção do espaço diferenciado, conforme os interesses de produção no momento. 
O terceiro ponto, as autoras chamam a atenção para o preparo para esse domínio, que deve ser desenvolvido na escola, e necessita de uma maior atenção, pois deve ser um ensino tão importante, quanto ao ensino de outras disciplinas. 
Esses três pontos são relevantes para a discussão do ensino do espaço geográfico, para que objetive o aprendizado de uma forma contextualizada do aluno. 
Diante do que foi apresentado é possível perceber a grande necessidade da leitura da obra “Espaço geográfico: ensino e representação”, pelos professores das primeiras séries escolares. Porque pensar o ensino de uma maneira significativa, com contextualização, é imprescindível para o profissional que faz da educação, sua ferramenta de trabalho.
Rodrigo Oliveira

O PAPEL DO PEDAGOGO NA EMPRESA

A Pedagogia Empresarial surgiu a partir da década de 80, tendo como objetivo a função de Treinamento e Desenvolvimento dentro da empresa. Um fator importante era a baixa escolaridade dos operários de fábrica, os funcionários eram treinados para uma visão mais ampla do desenvolvimento e crescimento do ser humano, buscando valores e crescimento pessoal. Geralmente a educação recebia um tratamento formal, modelo sala de aula. Já o treinamento era realizado no seu posto de trabalho, sendo uma ação corretiva e preventiva das tarefas executada no trabalho.
O pedagogo passa a se tornar importante dentro da empresa, buscando renovar e mudar paradigmas, no aprendizado continuo, nas vantagens competitivas em um desempenho excelente, criar relacionamento mais profundo com os clientes. Portanto o pedagogo tem por objetivo mediar e articular as ações educacionais na administração de informações dentro do processo contínuo de mudanças e de gestão do conhecimento. Gerenciar processos de mudança exige novas posturas e novos valores organizacionais, características fundamentais para empresas que pretendem manterem-se ativas e competitivas no mercado. Dessa forma, o pedagogo atua na área de Recursos Humanos direcionando seus conhecimentos para os colaboradores da empresa com o objetivo da melhoria de resultados coletivos, desenvolve projetos educacionais, seleciona e planeja cursos de aperfeiçoamento e capacitação, representa a empresa em negociações, convenções, simpósios, realiza palestras, aporta novas tecnologias, pesquisa a utilização e a implantação de novos processos, avalia desempenho e desenvolve projetos para o treinamento dos funcionários.
Juliana Ferreira

DIALÉTICO NORDESTINO





http://tirasemquadrinhos.blogspot.com/
   

É preciso mudar João,
Quem mandou emprenhar
A donzela
Do lado de lá,
É preciso respeitar o aruvai,
É preciso ter cuidado para não emburralhar,
É preciso ter cuidado com as gotículas,
Para manhã seguinte não se molhar.
É preciso não capengar,
É preciso com carinho mudar,
É preciso ter cuidado,
Para a vida afrouxar,
É preciso acochar,
É preciso butar,
É preciso movimentar, o coração do individuo,
Para a mente humana aflorar e pocar.

Esse poema foi escrito no intuito de alertar as pessoas que o importante não é o dialeto e sim se expressar. Sabemos que no nordeste do Brasil as pessoas tem sua cultura, suas características e seu dialeto, simples ou difícil de ser entendido, pouco conhecido ou talvez desconhecido no Sul, Sudeste do Brasil.

CURIOSIDADES
Você sabia o que significa as palavras:
Acochar: apertar
Aflorar: surgir
Afrouxar: folgar
Aruvai: orvalho
Butar: colocar
Capengar: falar mal
Emburralhar: sujar
Emprenhar: engravidar
Pocar: estourar

Palavras, muito usadas no nordeste, principalmente no interior.

Eliedina Costa

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

DOCUMENTÁRIO: O MUNDO GLOBAL VISTO DO LADO DE CÁ





O documentário intitulado “Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá” é sem dúvida, uma crítica contundente acerca dos males que a globalização nos traz. O professor Milton Santos, trouxe sempre em seus trabalhos a dimensão dos males da globalização. Advinda de um grupo privilegiado, que detém o poder, o dinheiro, e a outra menos favorecida que trabalha para manter o conforto desta.
A globalização está presente e é irreversível, como diz o documentário, porém, é papel do educador desconstruir a ideologia do “ter”, do consumismo exacerbado que ilude, engana e segrega as pessoas. O documentário é convite para uma reflexão, para o não conformismo, pois é através da educação que podemos quebrar paradigmas, e construir uma globalização para todos que privilegie a solidariedade e o coletivo entre as pessoas.

Rodrigo de Oliveira

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

MEC: aumenta carga horária diária e mantem os 200 dias letivos.




Nesta quinta-feira (20), Maria do Pilar Lacerda, secretaria de Educação Básica do MEC informou que o Ministério da Educação obteve uma medida adequada do Conselho Nacional de Educação, para um aumento na carga horária diária escolar do que um possível aumento diário de 20 dias no calendário escolar, na qual foi proposto pelo ministro Fernando Haddad. "Não teremos a ampliação para 220 dias letivos. O ministro Haddad convocou uma reunião, no dia 18 passado, com entidades de professores, estudantes, parlamentares, gestores e universidades. O consenso é que é melhor manter os 200 dias e ampliar a carga horária diária. E democraticamente, o ministro Fernando Haddad acatou a proposta", escreveu a secretária.
Uma pesquisa apresentada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, levou o MEC a avaliar o aumento no calendário letivo da educação básica do país no sistema público e privado em até quatro semanas. Assim o Brasil passaria a ter  uma carga ampliada de  220 dias letivos em vez de 200 e uma carga horária de 1.000 horas ao invés de 800 horas.
Em uma reunião entre educadores do Conselho Nacional da Educação e Haddad, os conselheiros acharam melhor aumentar a carga diária do que o número de dias letivos. No entanto terá que haver uma mudança na Lei de Diretrizes e Bases.  
Nessa questão fica a pergunta, sera que aumentar a carga horaria ou os dias letivos, vão dar resultados positivos? O professor está preparado para esse aumento ?
Cada vez mais, percebemos que os professores estão trabalhando dois a três turnos, para terem uma renda melhor, acabando com a oportunidade de aperfeiçoar, buscar novos caminhos para um melhor desempenho, elevar o seu conhecimento, por conta da falta de tempo, acaba se enforcando nos fins de semanas com preparação de aulas e planejamentos, tendo um desgasta maior em função da acumulação de cargos.
Aumentar ou diminuir essas horas não terá um bom reflexo na qualidade da educação, uma media para essa questão é a qualificação do professor, dando tempo para uma formação adequada, com uma jornada de trabalho adequada, remuneração justa para o setor educacional. Assim, o professor terá mais disponibilidade para preparar suas aulas para que seus alunos não tenha uma desinteresse pela escola. O bom ensino não está na quantidade de dias ou na carga horaria, ela esta vinculada na qualidade em que o professor trás para dentro da sala, com seus meios de estimular e despertar a fome de aprender do seu aluno.
Dados extraído da matéria sobre MEC do site G1
Fernando Carvalho

EDUCAÇÃO QUE INCLUI AS EXCLUSÕES.


A fim de divulgar como as ações de instituições podem mudar a realidade de muitas crianças, trouxemos o relato de Alvina, funcionária do Centro Comunitário das Crianças Nossa Senhora de Guadalupe, que por email descreveu como foi ser atendida por pessoas que acreditam na possibilidade da inclusão social.
Meu nome é Alvina de Oliveira Santos tenho 28 anos. Entrei na Instituição aos 09 anos voltei a estudar, fui desligada na idade limite 15 anos e 11 meses, e aos 16 anos as irmãs me convidaram a trabalhar. Para assim poder ter meu próprio dinheirinho. Apesar de que tenho quase certeza que essa foi uma forma de me segurar para que eu não voltasse para as ruas. É muito gratificante estar trabalhando no local onde me resgataram e me ensinaram que podemos vencer desde que acreditamos nos nossos potenciais. Descobri o esforço e a dedicação maravilhosa que as irmãs fazem para manter a instituição e dar oportunidades mais digna as crianças/adolescentes desse bairro que é tão carente de cultura, esporte e lazer. Nos anos 90 época que fui atendida pela instituição as crianças/adolescentes não tinha oportunidades de cursos com bolsa auxilio. Só existia o Centro Comunitário que resgatavam crianças/adolescentes das ruas, marginalidades e violência que era o nosso bairro, mesmo com poucos recursos fiz aulas de culinária, panificação e confeitaria, artesanato todos esses cursos com certificados do SENAI que naquela época era umas das grandes parcerias das Irmãs, junto com a C&A e a FEBEM atual Fundação Criança de São Bernardo do Campo.
Graça as irmãs e a instituição, não só eu, mas também irmãos, colegas e amigos que naquela época participaram da instituição e que tenho contato posso afirmar que temos uma vida estruturada.
E é tão bom saber e acompanhar os seus filhos que estão participando da instituição que deram oportunidades e abriram portas os seus pais e todos nós.
Antigamente eu não tinha a visão que tenho agora. Da realidade de cada um desses atendidos. É muito boa a satisfação de poder contribuir com essas crianças/adolescentes o mesmo que fizeram por mim.
Fizemos a questão de deixar o relato na integra sem recortes para divulgar como ações sociais podem transformar a realidade de pessoas em uma sociedade que segundo Paulo Freire valoriza mais o ter do que o ser.
O Centro Comunitário Crianças Nossa Senhora de Guadalupe, que em outra ocasião tivemos a oportunidade de conhecer, atende 250 crianças e adolescente (dos 06 anos até completarem 16 anos) da comunidade do Grande Alvarenga sendo que, a maioria pertence a um grupo de vulnerabilidade social, e alguns casos de encaminhamentos do conselho tutelar entre outros.
No local trabalham 22 funcionários entre eles oito educadoras, uma psicóloga, uma assistente social, auxiliares de limpeza, cozinheira entre outros. Possuem 10 salas onde são desenvolvidas atividades de artesanato, culinária, informática, canto, coral, projetos com o apoio de voluntários como o RAP AFRO X que desenvolve um trabalho sobre a cultura do Hip Hop com duração de 12 meses.
A instituição tem como finalidade promover ações sócio-educativas e culturais à criança, ao adolescente e sua família, para que possam atuar como cidadãos ativos e criativos. E por meio dessas ações a comunidade vai adquirindo autoconfiança e se fortalecendo através das atividades e vivências que são oferecidas.
Eliana Rodrigues

INCLUSÃO SOCIAL

A discussão sobre a inclusão social está presente em vários contextos da sociedade, podemos encontrá-las nos discursos políticos, nos movimentos sociais, nas classes dominantes, e nas classes populares.
A palavra inclusão significa o ato ou efeito de incluir, ou seja, a inclusão social em que estamos falando é o ato de oferecer as mesmas oportunidades de participação dentro de uma sociedade a todas as pessoas independentemente da sua cor, condição socioeconômica, gênero entre outros.
Mas como podemos oferecer condições de igualdade de oportunidades se vivemos em um país de desigualdades sociais? 
O poder público tenta garantir os direitos de igualdade por meio de leis como: cotas de vagas nas universidades para negros, garantia de vaga nas escolas para todos, inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, promovem o ingresso a universidade através do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), etc. Outro meio de garantir a inclusão social é através dos movimentos sociais, como as associações de bairro, igrejas, oferecendo uma educação não formal.
A educação não formal acontece fora dos muros da escola e que oferece cursos que ajudam as classes populares a transformarem sua realidade, por meio de cursos como: capoeira, canto, inclusão as novas tecnologias digitais, alfabetização de jovens e adultos, entre outras atividades aberta a comunidade. Existem também as (ONGS) Organizações Não Governamentais que desenvolvem ações de caráter social como o Educafro, uma rede que oferece cursinho pré- vestibulares para o ingresso as universidades particulares e públicas dentre outras ações.
Eliana Rodrigues

QUEM FOI MILTON SANTOS?

Nascido em Brotas de Macaúbas em 3 de maio de 1926, Milton Almeida dos Santos, foi autor de mais de 40 obras e ganhador de diversos títulos e premiações na área de geografia, como Doutor Honoris Causa, e o Premio Internacional de Geografia Vautrin Lud (1994), referencia quando o assunto é urbanização do terceiro mundo e globalização.
Milton Santos se formou em direito, mas nunca deixou seu interesse por geografia. Sempre muito estudioso, aos 15 anos lecionou geografia e aos 18 começou sua vida universitária, mas nunca deixando de lado a sua militância política de esquerda.
Ainda na Bahia, Milton continuava lecionando e se envolveu nas atividades jornalísticas. Em 1958, conclui seu doutorado na universidade de Straburgo na França. Com a sua chegada ao Brasil, continua sua vida acadêmica e é nomeado em 1961, pelo presidente Jânio Quadros, para a subchefia do gabinete Civil. Em 1964 foi exilado pelo golpe militar, no qual permaneceu 13 anos em exílio. Lecionou na Sobornne e chegou a ser nomeado Diretor de pesquisas de planejamento urbano.
Milton retorna ao Brasil em 1976. No qual, por diversos impasses políticos teve dificuldade em lecionar em algumas universidades do país.
O professor passou por diversas Universidades brasileiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) até 1983, e em 1984 foi contratado como professor titular do Departamento de geografia da Universidade de São Paulo (USP), onde se aposentou e continuou lecionando.
As obras de Milton Santos discute o conceito de espaço e cidadania, e também relaciona os males que traz a globalização. A globalização e o capitalismo estão presentes em nosso mundo, o individualismo é cada vez mais intenso e a cooperação, o ideal de se trabalhar o coletivo, é por muitas vezes deixado de lado, com a globalização.
No dia 24 de junho de 2001, o Brasil e o mundo perdem um grande combatente das injustiças e um intelectual engajado em discutir os problemas do mundo e pensar novas formas de melhorar o mundo em que vivemos. O professor Milton Santos, sem dúvidas, deixa um legado muito rico com os seus estudos e provocações, para não nos acomodar frente ao que o capitalismo predador nos impõe.

Rodrigo Oliveira.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

É POSSÍVEL SER CIDADÃO NO BRASIL?


Milton Santos, em seu livro “o espaço do cidadão” no capítulo intitulado “Há cidadãos neste país?” nos traz uma provocação bastante plausível em se tratando do conceito de cidadania e o seu significado em nosso contexto.
Antes de tudo, vale ressaltar que a palavra cidadania e política são palavras que estão intrinsecamente relacionadas. Como afirma o professor Mario Sergio Cortella, “A noção de política está apoiada num vocábulo grego, polis (cidade) e cidadania se baseia em um vocábulo latino correspondente, civitatem”. Assim, as pessoas costumam dar conotação diferente a essas palavras, dando maior valor a cidadania e menosprezando a política. Em nosso país muitos sequer sabem que são portadores de prerrogativas sociais como afirma Milton Santos em seu livro.

Milton Santos traz a dimensão do discurso das liberdades humanas e dos direitos garantidos. Tantas vezes exaltados e repetidos e também deixado de lado. O respeito ao indivíduo é a consagração da cidadania, que implica ao cidadão todos os direitos e deveres que lhe constituem como cidadão.
A noção de cidadania para muitos Brasileiros se restringe ao ato de votar, mas cidadania está muito mais além. Diante disso, Milton Santos, nos chama a atenção para o “não-cidadão do terceiro mundo”. Porque nos países subdesenvolvidos há uma parcela de diferentes classes, e dentro dessas classes há pessoas que são mais cidadãos que os outros, e outros que são menos, e outros que nem ainda o são.
O nosso país é sem dúvida ainda refém desta realidade e caminha lentamente para uma possível melhora. Cidadania, como Milton Santos afirma é coisa que se aprende.
Assim, é papel da escola e do docente fazer a dialética entre a cidadania e outras disciplinas, contribuindo, desta maneira para a formação de cidadãos críticos que certamente, teriam uma participação mais ativa na política e um olhar crítico para esse mundo tão marcado pelo consumismo exacerbado oriundo do capitalismo; e, sobretudo, conscientes dos seus direitos e deveres para com a sociedade.

Rodrigo Oliveira.