segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MEMÓRIAS DE UMA ALFABETIZAÇÃO

Em torno de muita agitação, novidades e muitas mudanças que uma criança enfrenta ao encarar a sua saída de casa para a entrada no mundo da escola pela primeira vez, não seria diferente comigo, já tendo uma base de ideias, observando meus irmãos mais velhos, que já tinham passado por esse caminho, do que estava a vir pela minha frente.
Procurava na escola um mundo bem colorido e cheio de letras, novidades e surpresas, algumas boas outras nem tanto. Conhecer colegas e professores, uns bons outros ruins. Teve uma professora bem autoritária, do tipo “Sargento”, que não queria saber o que se pensava ou se desejava, mas queria ver as letras entrando goela a baixo e reproduzir só o que ela dizia, não se importava com quem tinha dificuldades.
Sempre com um tom de voz agressivo e uma postura bem autoritária, fazia com que nossas mãos e olhares se concentrassem no lápis e papel, para não errar naquelas letras que se formavam, dando uma ideia de câmara de tortura para aquela sala, com palavrões e até tapas e beliscões nos alunos que não se concentravam na lição, “eu era um deles”.
Mandava lição para casa, cobrando no outro dia que estivesse tudo perfeito e na ponta da língua, o medo e a vergonha de ser humilhado na sala era muito grande, que fazia com que se passasse horas e horas na frente do caderno para se fazer apenas meia dúzia de letras e números, me deixando entediado cada vez mais, mas conseguia fazer e me sentia aliviado por um certo que ela me dava.
Com muitas broncas e tapas levados pela professora, e em casa, tendo o auxilio da minha mãe para fazer as lições, fui conhecendo e aprendendo o mundo das letras, e comecei assim a ser alfabetizado, acho que poderia ter sido mais aproveitada aquela época para aprender bem mais, mas com aquela tensão de me livrar da louca professora, aprendi o básico e com um enorme tédio das letras, que bom que mudou, quando conheci outros professores.

Ass: Fernando Carvalho

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